SEPARADOS NA MATERNIDADE.

foto:Marcos Fernandes

É isso que um ano inteiro de aulas sem férias faz com você

vida e severina

foto:Diego Balbino (2003)

Hoje é o ultimo dia de trampo deste ano...

ow não

Espero agora trabalhar em casa acabar a reforma

Criar uns cactos

Pintar, bordar,defumar,comer,

beber,roçar,colar,jogar,

viver e morrer sem severina.

Um pouco de cheiro no cangote.

Um pouco de beijus sabe aonde.

Um tanto de dengo,choro e xote.

Um muito de cama,come e dorme

Um pouco de come a noite inteira

Um pouco de brincadeiras fuleiras

Um pouco de coisas ilícitas

To fazendo minha lista:

boca,beiju e coito

unha,dente e corpo.

e sorte...

Esquece um pouco.

É muita sorte rsrsrs

Diego Balbino

Diego Balbino

Faz tempo que li este livro mas é muito bom e ñ sai facil da cabeça
este texo foi uns do que ainda me vem bastante na cabeç

Muribecaa

Lixo? Lixo serve pra tudo. A gente encontra a mobília da casa, cadeira pra pôr uns pregos e ajeitar, sentar. Lixo pra poder ter sofá, costurado, cama, colchão. Até televisão. É a vida da gente o lixão. E por que é que agora querem tirar ele da gente? O que é que eu vou dizer pras crianças? Que não tem mais brinquedo? Que acabou o calçado? Que não tem mais história, livro, desenho? E o meu marido, o que vai fazer? Nada? Como ele vai viver sem as garrafas, sem as latas, sem as caixas? Vai perambular pela rua, roubar pra comer?E o que eu vou cozinhar agora? Onde vou procurar tomate, alho, cebola? Com que dinheiro vou fazer sopa, vou fazer caldo, vou inventar farofa? Fale, fale. Explique o que é que a gente vai fazer da vida? O que a gente vai fazer da vida? Não pense que é fácil. Nem remédio pra dor de cabeça eu tenho. Como vou me curar quando me der uma dor no estômago, uma coceira, uma caganeira? Vá, me fale, me diga, me aconselhe. Onde vou encontrar tanto remédio bom? E esparadrapo e band-aid e seringa? O povo do governo devia pensar três vezes antes de fazer isso com chefe de família. Vai ver que eles tão de olho nessa merda aqui. Nesse terreno. Vai ver que eles perderam alguma coisa. É. Se perderam, a gente acha. A gente cata. A gente encontra. Até bilhete de loteria, lembro, teve gente que achou. Vai ver que é isso, coisa da Caixa Econômica. Vai ver que é isso, descobriram que lixo dá lucro, que pode dar sorte, que é luxo, que lixo tem valor. Por exemplo, onde a gente vai morar, é? Onde a gente vai morar? Aqueles barracos, tudo ali em volta do lixão, quem é que vai levantar? Você, o governador? Não. Esse negócio de prometer casa que a gente não pode pagar é balela, é conversa pra boi morto. Eles jogam a gente é num esgoto. Pr'onde vão os coitados desses urubus? A cachorra, o cachorro? Isso tudo aqui é uma festa. Os meninos, as meninas naquele alvoroço, pulando em cima de arroz, feijão. Ajudando a escolher. A gente já conhece o que é bom de longe, só pela cara do caminhão. Tem uns que vêm direto de supermercado, açougue. Que dia na vida a gente vai conseguir carne tão barato? Bisteca, filé, chã-de-dentro - o moço tá servido? A moça?Os motoristas já conhecem a gente. Têm uns que até guardam com eles a melhor parte. É coisa muito boa, desperdiçada. Tanto povo que compra o que não gasta - roupa nova, véu, grinalda. Minha filha já vestiu um vestido de noiva, até a aliança a gente encontrou aqui, num corpo. É. Vem parar muito bicho morto. Muito homem, muito criminoso. A gente já tá acostumado. Até o camburão da polícia deixa seu lixo aqui, depositado. Balas, revólver 38. A gente não tem medo, moço. A gente é só ficar calado. Agora, o que deu na cabeça desse povo? A gente nunca deu trabalho. A gente não quer nada deles que não esteja aqui jogado, rasgado, atirado. A gente não quer outra coisa senão esse lixão pra viver. Esse lixão para morrer, ser enterrado. Pra criar os nossos filhos, ensinar o nosso ofício, dar de comer. Pra continuar na graça de Nosso Senhor Jesus Cristo. Não faltar brinquedo, comida, trabalho. Não, eles nunca vão tirar a gente deste lixão. Tenho fé em Deus, com a ajuda de Deus eles nunca vão tirar a gente deste lixo. Eles dissem que sim, que vão. Mas não acredito. Eles nunca vão conseguir tirar a gente deste paraíso.
"Muribeca" é um dos contos do livro "Angu de Sangue", publicado pela Ateliê Editorial no ano 2000.

preciso

Tenho fome da tua boca, de tua voz,teus cabelos
e pelas ruas vou sem me nutrir,calado,
não me sustenta o pão, a aurora me desconserta,
procuro o liquido som de teus pés pelo dia.

faminto estou de teu sorriso resvalado,
de tuas mãos cor de furioso celeiro,
tenho fome da pálida pedra de tuas unhas,
quero comer tua pele como intacta amêndoa.

Pablo Neruda (Cien sonetos de amor)

A historia do vermelho

A breve historia do vermelho

Um quarto claro só pela luz da sua vontade,o resto cama,cara,armário,coração, cobertores,alma e chão,estavam no mais escuro das câmaras escuras de Luis Daguerre, um quarto escuro cujo o qual ñ revelaria nada nenhuma foto.Mas como o de costume a porta do quarto abria logo de manhã e fechava a noite,ñ entrava nada, ñ trazia nem levava.
Um certo dia incerto tocou (I' m nobody) no seu cel.
Acabou aceitando e foi... e também voltou.
Sem trazer nada sem levar nada,mas sem saber;
que na escuridão do quarto,(-----) lhe deu algo...
Passando os dia percebeu oq estava acontecendo mas quase sem querer perceber ou com medo de perceber.
Também com medo o vermelho começou a tomar conta do quarto que virou um laboratório.
Escuro mas com uma luz vermelha.
Então já dava pra caminhar ali dentro, produzir algo...
Produzir oq?
Seus olhos e alma estavam em coma,mesmo querendo produzir...
E produzia só ñ sabia criar.
Até que um dia estava ele e o vermelho que já brilhava e contaminava, em varias partes de seu corpo, mas faltava a alma.
E sem ela ñ dava.ele ali na cama verde de grama e de hospital, resolveu fazer o mais lógico.
Clicar o vermelho captar, capturar...CLIC foi o primeiro e mais forte CLIC o segundo sacudiu tudo por dentro CLIC o terceiro e o q bastava como um ressuscitador de hospital, o choque dos cliques tiravam ele do coma visual e colocavam novamente seus olhos dentro da sua alma.
Ai ele percebeu q (-----) era Deus lhe dando algo.
Algo que até hoje trago comigo...

bom começo

Acabando mais um ano de aulas,desta vez esta acabando tão repleto de imagens
estou com a cabeça a milhão,correndo pra caramba,mas quando entro na sala muda.
Dentro da sala eu só capto ñ sou professor de ensinar, sou professor de viver viver intensamente a aula saber como meus alunos criaram suas obras, como viveram antes e depois disso,ñ deixo tbm de mi entregar a eles.
Todos tiveram um pedaço de mim,e aproveitarão da maneira que decidirem.
nunca fiquei tão buxudo de fotografias, vou ser cachorro no fim do ano só vou parir de muitos pra cima
a fotografia cada vez se encrosta dentro de mim está mais complicado apertar aquele botão.
quero parir mas quero parir bonito que cada foto saia grudada de placenta,sangue ,suor mas que saia sem umbilical e pronta pra viver.
os dias de aula fizeram nascer bons filhos ,isso agora falando de alunos ,ñ com nomes mas em todas turmas que terminei ,sempre deixei um pouco de mim,tentei levar tbm um pouco deles,cada foto que levei deles é por que nelas sempre os verei.
sempre estarei e terei um pouco de cada um.
dos que mais me amaram até os que me renegarão.
Amo todos vcs como amo a um álbum de fotografias.
Amo como a uma foto com fotómetro zerado...
mesmo sabendo que tem os que eu quero com o fotómetro no + e a outros no - rsrsrs
obrigado por vcs ñ só elogiarem meu jeito de dar aula comi todas as criticas tatuei cada uma dentro e fora de mim.
agora eu preciso parir preciso muito,e tenho do meu lado o ¹vermelho que me fez acordar...
boa noite, bons sonhos,boa viagem...

1 ver a historia do vermelho no ultimo post

foto: Paola Prandini

Como fugir de uma sombra no escuro
Pensei em tudo que e possivel falar
Que sirva apenas para nos dois,
Pensei no tempo, e era tempo demais

foto:Diego Balbino

foto:Paola Prandini

a quem seja

como sempre vou colocar mais fotos do q escrever
pois ñ sou bom com as palavras
mas a quem seja
que seja linda tbm
que vem comendo pela beira
que me apaixona
ñ deixa esfriar
e ainda come gostozo
ñ deixa sobra de vontade
só de ver dinovo
que mi engravida de imagens
e mi faz parir com a alma